Acontecia sempre às quartas-feiras no almoço. A receita era bem simples – carne e legumes disponíveis, cortados em cubos, temperados, refogados e cozidos em um tiquinho de água. Era a forma de aproveitar os legumes que sobravam, sempre nas vésperas de feira (quando eu era moleque a gente ia à feira uma vez por semana…). Assim não havia desperdício. E o que sobrava do almoço era batido no liquidificador e virava sopa à noite, sempre com macarrão-argolinha.
Meu pai adorava: com o ensopadinho no prato, amassava levemente os legumes com garfo e sobre eles colocava um generoso fio de azeite. Para completar, arroz, feijão e salada de agrião. Nada mais trivial e brasileiro.
No último fim-de-semana, chegando de viagem, tive saudades daquele ensopadinho da minha infância. Infelizmente, minha mãe já tinha compromisso para o almoço de domingo, o que me obrigou a criar a minha própria versão, bem diferente da original (comida de mãe ninguém consegue imitar!).
Usei a panela de ferro, aproveitei um paio e quase todos os legumes da geladeira, um pouco de vinho tinto e algumas ervas. Para acompanhar, canjiquinha (quirera) cozida bem macia, na textura de polenta (4 partes de água para 1 de canjiquinha + manteiga e sal a gosto). Tomamos um “Escudo Rojo 2006”, que comprei no Freeshop por módicos US$ 14,50. Eis aí minha versão de “Comfort Food” familiar.
Ensopadinho à minha moda
Ingredientes:
– 700g de coxão mole cortado em cubos de aproximadamente 2cm.
– 1 colher de sopa de manteiga.
– 2 folhas de louro.
– 2 cravos da Índia.
– 1 colher de café de tomilho.
– 3 dentes de alho descascados.
– 1 paio em rodelas.
– 2 colheres de café de açúcar.
– 200ml de vinho tinto.
– 2 colheres de sopa de purê de tomate.
– 1 litro de caldo de carne.
– Legumes disponíveis, picados em cubos ou rodelas (depende do legume – nesta versão utilizei cebola, batata, cenoura, tomates-cereja, abobrinha, vagem, pimentão vermelho e amarelo).
– 1 galho de alecrim fresco.
– Azeite de oliva extra-virgem o quanto baste.
Modo de preparo: