Rogério Moraes 16/01/2008 • 2 min
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Dia do Caçador

Este é um post bem fora do contexto. Mas blog também serve para a gente expressar a opinião.

A historinha é verídica e começa assim: Nos anos 80, o Sr. Fulano, um bem sucedido diretor de multinacional, era cliente do Citibank, que lhe dava tratamento vip. Acesso às melhores taxas, cartões, crédito pessoal, gerente-exclusivo, nada de filas, tudo era maravilhoso. Como dizia o slogan daquela época, “The Citi never sleeps…”

Acontece que no começo dos anos 90 o Sr. Fulano resolveu dar uma virada na vida: deixou a multinacional, o cargo e suas mordomias. Abriu um negócio próprio. Continuou com o Citi. Afinal, sempre lhe trataram tão bem…

Infelizmente, o negócio não deu certo. Em cinco anos o Sr. Fulano consumiu todo o seu patrimônio. Para completar, entrou fundo no limite do cheque especial. E descobriu então a verdadeira cara de seu “banco-parceiro” (que no final das contas é a cara de todo banco): nunca foi tão infernizado pelo gerente-exclusivo e seus assistentes. Depois, agências de cobrança passaram a telefonar para sua casa. Sempre de madrugada (foi quando ele entendeu o que significa o slogan do banco – “The Citi never sleeps…”).

A dívida foi crescendo, de acordo com as taxas de juros leoninas que o Citi decidia cobrar. Em valores de hoje, R$ 2.000 se transformaram em R$ 30.000!

Como o Sr. Fulano estava “quebrado”, não pagou nada. Nem tinha como. Seu nome ficou “sujo”. Conta em banco privado, talão de cheques e cartão, nunca mais.. Vivia apenas do INSS e de uma mesada que os filhos lhe davam (ainda bem que os filhos estavam todos bem empregados!).

O golpe mais duro foi mesmo na auto-estima do ex-alto-executivo-de-grande-multinacional.

Passados 10 anos, eis que o departamento jurídico do Citi volta a procurar o Sr. Fulano. Queriam conversar e re-negociar. E a dívida que um dia fora de R$ 50.000 foi liquidada por apenas R$ 1.200! E é por isso que fico indignado. Não teria sido mais fácil fazer esta proposta logo no começo? Resolver o problema, não incomodar mais o Sr. Fulano, deixar o seu nome “limpo”? Impossível. Bancos fazem este jogo sujo, bancos são assim.

Dei esta volta toda para dizer que ontem li, com uma pontinha de alegria, a manchete do Valor Econômico: “Rombo do Citi derruba mercados – (…) O Citigroup anunciou ontem prejuízo de US$ 9.83 bilhões no quarto trimestre do ano passado(…) “. Não resisti e liguei para o Sr. Fulano. Ele se sentiu vingado! Desculpem-me o clichê: um dia é da caça, o outro do caçador.

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