Ouvintes conscientes, regozijai!
Não sou dado a criticar neste espaço, mas desta vez não pude evitar.
O empreendedor, musicólogo e especialista em auto-política-salarial John Neschling finalmente desceu do pódio da Osesp. Não se pode negar seu mérito: Neschling conseguiu reerguer o grupo e colocá-lo num primor de sede própria, com o prestígio renovado e uma imagem institucional prá lá de respeitável. A qualidade sonora também sofreu melhoria visível (ou melhor, audível). Na minha opinião, menos por suas habilidades como regente e mais pelo rigor administrativo que o musicólogo implantou, além da importação maciça que fez de instrumentistas do leste europeu. Nem nos tempos de Collor se importou tanto quanto na era Neschling! Brinco que a Osesp é uma orquestra Dutyfree: só tem importado!
Sim, Neschling marcou presença e deixou um legado expressivo. Só que demorou muito a “passar a batuta” (desculpe o trocadilho). O problema é que ele nunca foi maestro. Digo maestro de verdade, que já sentou e tocou em algum naipe de orquestra e entende do riscado. Sabe quando o músico está enrolando, sabe quando pode dar mais, sabe fazer música. Convenhamos, este papel foi desempenhado por um bom tempo pelo brilhante Roberto Minzuck, que hoje está à frente da OSB. Sorte dos cariocas…
E sorte agora dos paulistas. Parece que o novo titular, Ian Pascal Tortelier, conhece o que faz. Estou ansioso para vê-lo reger, torcendo para que tenha herdado o talento e a musicalidade do pai. Espero que a melhor orquestra do Brasil (isto não é lá grande coisa, mas…) ganhe, enfim, um Maestro. Em tempos de eguinha pocotó e Malu Magalhães, nossos ouvidos bem que mereciam.