Rogério Moraes 09/07/2020 • 3 min
links sociais

Outro “Curry”. Entre aspas mesmo!

Já disse certa vez que, na minha opinião, Jamie Oliver perdeu o encanto. Continuo pensando assim. Ele costumava ser um jovem chef brilhante, interessante e cheio de novas ideias. Mas morreu na praia, caiu na mesmice. Resolveu reinventar as coisas do jeito errado. E ao longo da carreira, ganhou e perdeu muito dinheiro, abriu e fechou restaurantes, lançou produtos e apoiou empresas que não se alinham a seu discurso midiático. Tentou levantar bandeiras e tendências, nenhuma realmente relevante. Foi defensor de grandes causas da alimentação mas ao longo do tempo todo o impacto se perdeu. Ou melhor, vimos que todo discurso era mesmo para angariar mais popularidade. Finalmente, transformou-se no que os ingleses chamam de “Lackluster”. Perdeu o brilho, o “lustre”. Nem manteve um estilo próprio, nem se reinventou. 

Por que então amamos Jamie? Por que continuamos a seguí-lo nas mídias sociais? Por que é que eu tenho aqui nos meus alfarrábios 5 dos seus livros (note bem: os mais antigos)? Não sei explicar direito! A verdade é que de vez em quando ele vem com umas sacadas simplesmente brilhantes. Uma ideia que muda o jeito que a gente vinha cozinhando esta ou aquela receita. Sim, 95% do que ele posta nas redes sociais é simplesmente chaaaato, chove no molhado. Mas vamos admitir: que capricho na produção visual dos pratos, que cenário, que (falsa) sensação de descontração e despojamento nas redes sociais, que habilidade em se comunicar! 

Acho que é por isso que a gente sempre dá mais uma chance ao Jamie. Por mais banal que seja o vídeo, a gente sempre assiste o comecinho. Às vezes vale a pena! Foi assim com esta receita de “Curry”. Que não é curry nem aqui na China nem em Londres. Nem em lugar nenhum do mundo. Mas apaixonado por estes sabores exóticos que sou, não consegui me segurar. Resolvi testar o prato num despretensioso jantar de segunda feira. É claro, fiz algumas adaptações. Deixei um pouco à minha cara. Mas a espinha dorsal, a ideia esdrúxula que me atraiu, de usar carne moída e leite de coco é do Jamie. Confesso: o resultado não é nada fotogênico, mas é pratico e delicioso. Perfeito pra uma refeição rápida e caprichada. Da próxima vez experimentarei com carne de porco moída. Acho que vai ficar ainda melhor. Resolvi acrescentar também cenoura ralada e um pouco de açúcar. Substituí a hortelã por folhas frescas de curry. Ao invés de Rendang Curry (Indonésio) usei um curry que comprei no Sri Lanka, mais fragrante e suave como são os curries de lá. Deu muito certo. Entre amor e ódio, tapas e beijos, Jamie subsiste. Que bom!

“Mas Pork Curry” do Sri Lanka

“Curry” de Carne Moída (adaptado da Receita do Jamie Oliver)

Ingredientes (4 pessoas):

  • 800g de carne de boi moída (pode usar carne de porco também)
  • 1 xícara de cenoura ralada no ralo grosso
  • 1 talo de couve-flor separado em floretes
  • 1 punhado de folhas de curry (a receita original usa hortelã).
  • 1 colherada bem cheia de curry em pó (ajuste a gosto).
  • 400ml de leite de coco.
  • 200ml de água.
  • Sal e açúcar demerara (ou mascavo) a gosto.

Modo de Preparo:

  1. Frite a carne moída numa panela de fundo grosso, até que comece a tostar um pouquinho.
  2. Acrescente o sal e o curry em pó e misture. Em seguida, acrescente a cenoura ralada e misture por 1 minuto. Acrescente o sal e o curry em pó e misture. Em seguida, acrescente a cenoura ralada e misture por 1 minuto.
  3. Acrescente o leite de coco e a água. Deixe ferver.
  4. Quando o caldo começar a engrossar, acrescente o açúcar a gosto. Junte então a couve-flor e as folhas de curry (ou hortelã).
  5. Cozinhe por cerca de 3 minutos (ou até que a couve-flor esteja cozida, porém firme).
  6. Sirva com arroz branco e ervilha-torta refogada (ou no vapor).

Recent Posts

See all
Aprendiz XV - Antídoto!
Feijão Com Macarrão
Outro "Curry". Entre aspas mesmo!

1 Comentário para “Outro “Curry”. Entre aspas mesmo!”

  1. Clicia Oliveira disse:

    Belo texto. Aqui Inha está fazendo receitas antigas clássicas que novos chefs estão transformando, mas que perdem o brilho diante das de nossas bisavós e avós.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *